quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Governo deve priorizar agricultura familiar como estratégia de produção de alimentos

26/02/2014

Vice-presidente da CUT, Carmen Foro, aponta avanços no incentivo à produção familiar, mas destaca que melhoria social do país exige mudanças na visão sobre o modelo agrícola

Escrito por: Luiz Carvalho


Para Carmen, ascenção social da população brasileira exige maior investimento na agricultura familiar, responsável pela maior parte dos alimentos que os brasileiros comem (Fotos: Roberto Parizotti)
Para Carmen, ascenção social da população brasileira exige maior investimento na agricultura familiar, responsável pela maior parte dos alimentos que os brasileiros comem (Fotos: Roberto Parizotti)
Responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil e por 74% da mão de obra empregada no campo, a agricultura familiar deve orientar o modelo de produção agrícola no país, defende a vice-presidente da CUT, Carmen Foro.

Para a dirigente, também agricultora familiar, uma nação que tem como prioridade combater a fome deve se preocupar, acima de tudo, com a soberania alimentar e observar que esse modelo de produção é responsável por 70% dos alimentos na mesa dos brasileiros, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

O debate sobre o tema ganha ainda mais destaque em 2014 com a definição pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional da Agricultura Familiar, decisão que, para Carmen, também foi uma vitória brasileira.

“Tivemos papel fundamental nesse sentido por conta da capacidade de mobilização dos movimentos do campo e da decisão política, a partir do governo Lula, de colocar essa forma de produção em destaque.”

O resultado dessa mudança de visão fez diminuir em cerca de 50% a taxa de pobreza rural, o que equivale a 11 milhões de miseráveis a menos somente no campo, segundo estudo do MDA. Ainda de acordo com o levantamento, os programas sociais foram a fonte de renda que mais cresceu no setor (21,4%).

Essa transformação é fruto direto da mobilização dos movimentos sociais, que tiveram as reivindicações sobre crédito e apoio à comercialização dos alimentos atendidas por meio de medidas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que disponibilizará R$ 21 bilhões de crédito para a safra 2013/204.

Refoma agrária – Para Carmen, porém, os avanços precisam se transformar em políticas de Estado para que a continuidade não dependa de uma visão progressista dos próximos governos. Além disso, as medidas não excluem a necessidade de o país retomar a reforma agrária.

“Não é possível produzir comida se não tivermos celeridade tanto em relação à desapropriação de terras para a agricultura familiar produzir, quanto na regularização das áreas. Temos de entrar em um novo ciclo, não é possível tratar tudo como igual, porque não somos iguais ao agronegócio, temos finalidades diferentes. Se o agronegócio é importante para a balança comercial, a agricultura familiar é fundamental para garantir soberania alimentar”, avalia.

De acordo com o Censo Agropecuário mais recente, divulgado em 2006 pelo IBGE, apesar de representar a forma de produção mais presente no campo (84,4%), a agricultura familiar possui apenas 25% das terras no país.

Carmen aponta que um dos problemas é a avaliação do governo Dilma sobre a necessidade de primeiro qualificar os assentamentos e garantir a produtividade para depois voltar a desapropriar.

“O governo precisa sair deste lugar que já está há bastante tempo, de dizer que é muito caro desapropriar. Temos sim muitos assentamentos que não tiveram a atenção devida, mas também temos muita gente precisando de terra para produzir. Mais de 40 milhões de pessoas passaram a ter melhores condições de comer e se não investirmos na produção de alimentos, enfrentaremos problemas.  Precisamos pensar numa reforma agrária que regularize, desaproprie, garanta qualidade de vida para quem está no campo e permita produzir de maneira sustentável”, ressalta.

Cidade – Por ser uma atividade que tem como mão de obra essencialmente o núcleo familiar e é voltada ao consumo interno, em contraste com o agronegócio, que utiliza trabalhadores contratados e é voltada à exportação, a agricultura familiar precisa de incentivos para quem produz sem agrotóxico como forma de baratear o custo do alimento ao consumidor.

“Isso depende de decisão política. Até agora, tivemos a construção da Política Nacional de Agroecologia, que significa um avanço importante, mas ainda precisa de muito tempo para sua consolidação e de maiores investimentos. Devemos ter algo amplo para mudar a lógica de produção agrícola no nosso país”, afirma.

Esse modelo precisa também levar em conta as condições da família que produz e a concorrência, explica a dirigente.

“Há questões que precisamos avaliar: como a família irá sobreviver se toda comunidade produz com veneno? Há o ponto da contaminação, mas também do olhar do mercado. Se por um lado a produção dele é algo importante, por outro enfrenta a concorrência do preço mais barato, porém, com agrotóxico. Isso é um desafio estruturante para definir qual modelo teremos no nosso país.”

Macrossetor e mulheres – Central com maior representação no campo – são 17 federações filiadas e mais de 1.500 sindicatos –, a CUT discute a criação de um macrossetor rural e deve realizar até o final do primeiro semestre deste ano um seminário para apontar o caminho na organização do setor.

“Desde novembro, todos os congressos de federações filiadas à CUT no Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Roraima e Piauí tiveram como centro do debate a construção de um modelo de desenvolvimento para o campo que seja sustentável e avance a partir da reforma agrária.”

Outro ponto comum em todos os encontros, comenta Carmen, foi o crescimento da participação das mulheres do campo, fator que coloca em debate a ocupação dessas trabalhadoras dos cargos de direção.

“Esse reflexo deve estar no comando político do movimento e não só na participação. Esse fruto, que é resultado de manifestações como a Marcha das Margaridas, realizada em parceria com a CUT, mostra o fortalecimento das trabalhadoras e aponta que não abrimos mão do empoderamento nos espaços políticos”, afirma.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Decretos de desapropriação assinados no Maranhão!
Por: Barack Fernandes
"Em 2014 a FETAEMA continuará monitorando e pressionando o INCRA e ITERMA para que todos os pontos reivindicados na pauta do GTM"

Como resultado das reivindicações do Grito da Terra Maranhão, a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão (FETAEMA) e seus STTR´s filiados já começam a colher bons frutos.

A boa notícia anunciada está semana pelo presidente da Federação, Chico Miguel, é que grandes áreas de terras localizadas em quinze municípios do Maranhão já tiveram assinados os decretos de desapropriação, onde serão beneficiadas cerca de 823 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais.

A maioria das terras que devem ser desapropriadas para a Reforma Agrária, são grandes fazendas localizadas nos municípios de Alto Alegre do Maranhão, Alto Alegre do Pindaré, Buriticupu, Santa Luzia, Cantanhede, Chapadinha, Itapecuru Mirim, Itinga do Maranhão, Lago Verde, Pedro do Rosário, Santa Quitéria do Maranhão, São Benedito do Rio Preto, Tuntum, Turiaçu e Vargem Grande.

Vale ressaltar que apesar do significativo avanço no processo de aquisição oficial da Terra, a FETAEMA e seus STTR´s filiados alertam aos homens e mulheres do campo que existe um longo processo pela frente para que de fato estas áreas se tornem assentamentos da Reforma Agrária. "Em 2014 a FETAEMA continuará monitorando e pressionando o INCRA e ITERMA para que todos os pontos reivindicados na pauta do GTM sejam atendidos", destaca o presidente da FETAEMA, Chico Miguel.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Escola Casa das Águas Inicia em Março

   Resultado de uma parceria entre a Prefeitura de São Luís, o Instituto Alcoa e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Escola Casa das Águas Benedito Pereira iniciará as aulas no dia 10 de março de 2014. 
 
O compromisso firmado pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior garantirá o atendimento à comunidade pesqueira do Taim, na zona rural de São Luís, aliando o currículo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) à qualificação profissional. A escola tem capacidade para 80 pessoas.
 
    Esta semana, o secretário municipal de Educação, Geraldo Castro, participou de reunião técnica com a finalidade de alinhar os últimos detalhes para o funcionamento da unidade. Também estiveram presentes o secretário adjunto de Agricultura, Pesca e Abastecimento, Domingos Paz, além de técnicos da Semed, da Semapa e do Instituto Alcoa.
 
A Escola Casa das Águas Benedito Pereira segue um modelo pioneiro no Brasil. Além do Maranhão, a Bahia é o único estado brasileiro a ter unidades de ensino no mesmo modelo. O prédio em que funcionará a Casa das Águas foi construído pelo Instituto Alcoa e doado à Prefeitura de São Luís. Uma articulação de três pastas da administração municipal – Educação; Agricultura, Pesca e Abastecimento; e Criança e Assistência Social – permitirá que sejam realizados cursos de qualificação profissional para os jovens e adultos.
 
 “Este é mais um marco da política educacional determinada pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Ao garantir que os jovens e adultos das comunidades rurais sejam capacitados no exercício de uma atividade tão intrínseca ao seu cotidiano, empoderamos esses jovens e adultos, aprimorando a sua concepção de sustentabilidade e meio ambiente e estimulando o empreendedorismo coletivo e individual”, disse Geraldo Castro. 
 
Para Domingos Paz,o local abre possibilidades de fomentar capacitação profissional e, mais que isso, estimular o desenvolvimento econômico. “Queremos que este seja um polo irradiador para a comunidade, para que trabalhemos uma matriz de projetos produtivos em cadeia típica e regional, aperfeiçoando o potencial já existente aqui”, disse.
 
 O primeiro curso, de Piscicultura, começa no dia 17 de março, terá 30 vagas e será viabilizado através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e do Senar. Posteriormente, no decorrer do ano letivo, a intenção é instalar na escola uma unidade de filetagem do pescado e uma fábrica de gelo, para manutenção e conservação do produto. A Casa das Águas terá também dormitório, para atender aos estudantes em regime de alternância, que estarão no mar por vários dias seguidos.

A lavradora Rosana Mesquita mora há 18 anos no Taim e pretende inscrever-se para o curso de Piscicultura. “Vamos poder usar esse espaço para o desenvolvimento sustentável e formar da nossa comunidade alunos para agricultura e pesca. É muito bom podermos ter a oportunidade de aprender novas técnicas e essa capacitação em piscicultura me agrada muito”, finalizou a jovem. (secom).