Eduardo
Campos e Marina Silva, na chegada ao evento, acompanhados da deputada
Luiza Erundina (PSB-SP) e do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) (Foto:
Felipe Néri/G1)
O Partido Socialista Brasileiro (
PSB)
anunciou nesta segunda-feira (14), em Brasília, a pré-candidatura do
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e da ex-senadora Marina Silva
para concorrer à Presidência da República nas eleições de outubro.
Presidente nacional do PSB, Campos deve encabeçar a chapa e terá Marina
como vice.
A formalização da chapa socialista, com a homologação das indicações,
deve ocorrer somente em junho, durante a Convenção Nacional do PSB. O
anúncio da chapa nesta segunda foi feito pelo primeiro-secretário
nacional do PSB, Carlos Siqueira.
"As lideranças e os militantes do partido delegaram aos líderes do PSB,
Eduardo Campos, e da Rede, Marina Silva, a tarefa de representá-los
nesse processo eleitoral como pré-candidatos à Presidência da República
[...]. A campanha da chapa se confirmará pela convenção de junho seguirá
os seguintes princípios [definidos pelo partido]", disse Siqueira.
O anúncio de que Eduardo Campos vai concorrer à Presidência tendo
Marina como candidata a vice não impede que a chapa seja invertida em
até 20 dias antes do dia das eleições, 5 de outubro, conforme calendário
do Tribunal Superior Eleitoral.
O anúncio oficial da chapa Marina Silva-
Eduardo Campos
era esperado desde que a ex-senadora se filiou ao PSB, em outubro de
2013. A filiação ocorreu após a Rede Sustentabilidade, partido que
Marina tentou fundar, ter o seu registro rejeitado pelo Tribunal
Superior Eleitoral. A Corte considerou não haver comprovação do número
mínimo de assinaturas previsto em lei para a fundação de partidos.
O Brasil está cansado da polarização PT e PSDB. PT e PSDB já deram o que tinham que dar, o Brasil não quer mais do mesmo"
Eduardo Gianetti,
economista e apoiador
de Eduardo Campos e Marina Silva
'Anseios da população'
No evento, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) afirmou que a
aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva "atende aos anseios" da
população. Ela relembrou as manifestações que ocorreram em junho do ano
passado e afirmou que a sociedade brasileira mostra "insatisfação" com
os partidos.
"Este é um dos atos da minha caminhada política de maior significância e
de grande expressão política, porque essa aliança atende aos anseios da
população brasileira, por esta aliança estar sinalizando uma grande
esperança para o futuro próximo do nosso país. Este significado da
aliança PSB e Rede vem ao encontro dos anseios da nossa população, que
manifesta grande insatisfação com a forma com que os partidos vêm
procedendo na forma política, em geral e em especial na disputa
eleitoral", disse.
Durante o evento, o economista Eduardo Gianetti foi convidado a falar
aos militantes presentes e dirigiu críticas ao PT e ao PSDB . "A
formalização da chapa Eduardo e Marina completa mais uma etapa, capaz de
mudar o teor e o tom da política brasileira. (...) O Brasil está
cansado da polarização PT e PSDB. PT e PSDB já deram o que tinham que
dar, o Brasil não quer mais do mesmo".
Antes da cerimônia de anúncio da pré-candidatura, o senador Rodrigo
Rollemberg (DF), líder do PSB no Senado, disse acreditar que a aliança
da sigla com a Rede Sustentabilidade é “a que mais compactua com os
interesses do Brasil”. “Esse anúncio de hoje é um passo importante para
construir um novo passo para o Brasil, a união de duas grandes
lideranças, sobretudo que expressam sentimento de mudança que a
população quer”, declarou.
Apoio de PPS e PPL
No evento do PSB, o presidente do PPS, Roberto Freire, oficializou o
apoio a Campos e Marina e afirmou que o anúncio da chapa "qualifica" a
candidatura do pernambucano na corrida presidencial deste ano. "Hoje
estamos aqui, em um evento como esse, definindo uma vice [Marina Silva]
que não é para fazer composição, que não está aqui pelo tempo de TV, mas
que qualifica a candidatura de Campos", disse Freire.
O PPL também se uniu à "aliança programática". O PDT, que em algumas
unidades da federação articula apoio ao partido mas não formalizou
aliança nacional, contou com representantes de peso na cerimônia, como
os deputados Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT).
Cristovam discursou no evento do PSB para apoiar a pré-candidatura.
"Não se faz democracia sem alternância no poder, mas não se faz
progresso com aliança para trás. Eduardo e Marina significam aliança
para o futuro: a alternância para o país com qualidade nas escolas, paz
nas ruas, estabilidade na moeda [...]. Pelo sonho de alternância [no
poder], Eduardo e Marina podem contar conosco", declarou Cristovam.
Alianças regionais
O evento teve a participação de lideranças do PSB e também de outros
partidos que podem formar aliança com os socialistas nas eleições. O
líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), afirmou a
jornalistas que há 16 unidades da federação onde o PSB e os militantes
da Rede Sustentabilidade formaram consenso sobre as candidaturas para
governador.
"Estamos fazendo todo o esforço para estarmos juntos com a Rede e
partidos como o PPS, que já nos apoia, no maior número possível de
estados. Onde não houver, não haverá trauma. Estamos praticamente certos
de união em 16 estados, e temos até junho para resolver nos demais.
Estamos conversando, mas a única coisa da qual não abrimos mão é do
palanque para o Eduardo em todos os estados", disse Albuquerque.
Aliança PSB-Rede
Antes de se filiar ao PSB, Marina chegou a receber convites de partidos
como PPS e PEN, onde poderia ser lançada como candidata à Presidência
da República. No evento que confirmou a filiação de Marina ao PSB, a
ex-senadora afirmou que apoiava a candidatura de Campos à Presidência,
mas não confirmou se seria vice em uma chapa encabeçada por ele.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 5 de abril, Eduardo Campos
aparecia com 10% das intenções de voto para presidente. Em nenhum dos
cenários propostos pela pesquisa o pré-candidato alcança o segundo lugar
na disputa com a presidente Dilma Rousseff, que tem mantido a liderança
nas pesquisas.
Marina Silva,
no entanto, de acordo com a pesquisa, poderia levar a disputa
presidencial para o segundo turno, caso fosse lançada para presidente,
em um cenário que exclui da disputa os partidos menores. Neste caso,
Marina aparece com 27% das intenções de voto, Dilma com 39% e Aécio,
pré-candidato do PSDB, com 16%.
Eduardo Campos, que cumpria mandato como governador de Pernambuco,
assinou carta de renúncia no último dia 3 para disputar nas eleições
presidenciais de 2014. Em seu lugar, assumiu o então vice-governador,
João Lyra Neto. O último dia 4 foi a data limite estabelecida pela Lei
Eleitoral para aqueles que se candidatarão a mandato eletivo se
desincompatibilizarem de suas funções administrativas.